No texto SER adaptativo para ESTAR presente comentei que faria alguns textos para abortar o que penso deste novo período de trabalho, e que será certamente continuado e será praticado por anos.
Tudo o que é novo traz desafios, e é isso que gostaria de expressar meus pensamentos, estudos e experiências sobre isto – OS DESAFIOS DO HOME OFFICE.

Quando escrevemos e lemos home office já nos dá uma boa ideia do que efetivamente acontece em nossas vidas ao adotar esse modelo de trabalho: a casa é o escritório e o escritório é a casa. Assim, sem separação.
Em primeiro momento pensamento que o principal desafio é manter uma rotina produtiva, porém este não é nosso maior desafio. Assim como tudo na vida, depois que aprendemos e transformamos em rotina, torna-se fácil. Porém, para que o trabalho flua e as pessoas se engajem precisamos atualizar nosso modelo mental (mindset), e isso sim é um desafio.
Eu particularmente atuo nas áreas de tecnologia e grande parte de nós já temos um bom skill e modelo mental para perceber que esse estilo de vida não só dá certo como pode ser muito mais produtivo e prazeroso. Claro que este modelo de trabalho exige muito mais disciplina e organização (tempo e espaço), porém estes ainda não são os mais desafiadores.
O mais difícil pra mim e talvez para você e a maioria é que fomos acostumados e educados a viver a vida em fases. A gente nasce, estuda, obtém uma profissão, entra no mercado de trabalho, e vai lutando para subir as escadas de evolução da vida profissional geralmente no mesmo setor. O fechamento deste ciclo se passa por volta dos 65 anos, onde aposentamos e esperamos então fazer tudo o que nossa vida “produtiva” nos proporcionou. Essa separação de fases da vida que envolve “tempo para o trabalho”, “tempo para a família e amigos” e “tempo para a diversão” faz parte do nosso modelo mental e, portanto, unir tudo isso no mesmo tempo parece um tanto quanto complexo e alguns de nós sentimos que é errado mudar esse modelo mental.
O evento do COVID-19 que estamos vivendo é só mais um capítulo que coloca em prova o que o mundo já vem nos desafiando há anos em interromper este pensamento em cadeias (ou linear). Se pararmos pra pensar, nem o que sabemos hoje irá garantir sucesso em curtos espaços de tempo, e com isso somos forçados a mudar a rota várias vezes no ciclo da vida (adaptação humana a realidade do mundo). Adaptar não significa necessariamente mudar de emprego ou profissão, mas mudar a forma de trabalhar, procurar desafios novos, buscar soluções novas para problemas.
Algumas características dessa adaptação do mundo são fáceis de entender. Por exemplo, o tempo médio para se aprender habilidades é de cinco anos, mas isso não garante uma profissão. Não importa a faculdade concluída estaremos sempre em constante aprendizado. É necessário se adaptar aos novos ciclos de conhecimento e mudanças mundiais que são cada vez mais curtos. Um outro exemplo, é a tecnologia que após ser abarcada em equipamentos móveis – seja celulares, smartphones, tablets e até mesmo smartwatches – permite que todo nosso trabalho esteja online através da cloud computing (computação em nuvem). Isso permite que a gente leve o trabalho pra casa e a casa para o trabalho.
Na era industrial onde o trabalho era praticamente fixo em fábricas, indústrias e escritórios, eramos obrigados a fazer uma coisa de cada vez: trabalhar e depois descansar. Na era digital, essa que vivemos mas a maioria ainda insiste em resistir, somos convidados e agora obrigados a fazer várias coisas ao mesmo tempo: Trabalhar, divertir, Relaxar, aprender e repeat again!
E por fim, o que mais nos motiva a encarar esses novos desafios é que temos uma nova expectativa de vida. Me lembro que na infância que meu pai aos 42 anos estava de aposentando, e atualmente tenho 38 anos e parece que comecei ontem. O meu fim produtivo está longe de acabar, e terei no mínimo mais 30 anos para fazer de tudo, inclusive trabalhar.
Que esse período de quarentena nos ajude a entender que não se separa mais a vida entre profissional e pessoal. A vida é uma só. E deve ser vivida de forma integral.