Entrevista e texto: Marcela Carrato (Jornalista) , publicado no #DiversificAeC
“Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim” – Mahatma Gandhi
O final do mês de janeiro e a data de hoje – 20 de fevereiro – são especiais para quem luta pela Paz. No dia 30/01, comemoramos o Dia Mundial da Não-Violência e a importância da Cultura de PAZ e, além disso, hoje, 20/02, celebramos o Dia da Resistência Não Violenta.
A primeira data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em homenagem ao líder pacifista, Mahatma Gandhi, cujo assassinato ocorreu nesta data. É um dia voltado à educação para a paz, à solidariedade, à mediação de conflitos e ao respeito pelos direitos humanos.
Já a segunda data pretende mostrar que se pode lutar pelo que se acredita sem recorrer à violência.
E, para falar sobre o assunto, nada melhor que um lutador (em todos os sentidos). Com mais de 15 anos de AeC, o executivo Fernando Parreiras, é um exemplo de quem pratica a luta como instrumento de paz e, junto a ela, ajuda a transformar o mundo.
“A luta (o esporte) me ajudou a ser quem sou hoje”. Assim, Parreiras define sua personalidade e sua relação com as artes marciais – que pratica há 32 anos.
Aqui, no Pelos Meus Olhos especial sobre a Paz e a Não-Violência, ele conta um pouco do que viu, viveu e lutou.

Como foi sua aproximação com o universo da luta?
Fernando Parreiras: Foi ainda na infância. Aos quatro anos. Fui levado pelo meu pai que, apesar de não praticar, viu neste esporte uma oportunidade para me formar. Uma forma de me focar, me dar noções de disciplina e humildade. Isso sem contar com o auxílio à saúde e boa forma.
Você sentiu alguma transformação na sua vida?
Completamente. A luta não só faz parte da minha vida, como é grande parte dela. Não posso dizer que senti a transformação porque a luta já existe em todos os momentos que lembro da minha vida. Mas posso, sim, afirmar, que grande parte do que sei e sou, eu devo a ela.
O que os lutadores encaram como violência?
Não há uma diferença do que encaramos para o que as pessoas que não lutam encaram. A violência é tudo aquilo que ultrapassa os limites do outro. Existe violência verbal, emocional e física e todas elas devem ser evitadas ao máximo.
Existe um código de ética ou de conduta?
Entre os lutadores? Há um código velado, mas que todos sabem. Não existe uma legislação desportiva que rege, mas todos conhecem. Por exemplo, aqui em BH, um atleta de companhia ou academia que comete um excesso ou um crime (seja uma briga na rua, uma agressão domiciliar ou alguma outra contravenção) é imediatamente punido (na maioria das vezes, é expulso) e não é bem aceito em nenhuma outra academia ou grupo do ramo. E isso todos sabem e respeitam. Costumamos dizer que “os brigões não têm vez”.
Quais princípios da luta você leva para a vida e vice-versa?
O principal deles é a humildade. A luta é um esporte que iguala a todos. No tatame, todo mundo é igual. Não existe cargo, classe social, cor, nada disso. Você sabe que, mais cedo ou mais tarde, vai encontrar um oponente melhor ou mais habilidoso que você e você testará seus limites. Assim, você conhece os seus limites e respeita o limite do outro.
Além disso, tem o respeito e a disciplina. É necessário respeitar. É necessário se entregar e se comprometer. Isso, aplicado à vida é como uma fórmula de retidão e caráter.
Você reconhece o esporte como um instrumento transformador da sociedade?
Totalmente. Assim com outras atividades (música, literatura, etc) o esporte ajuda na formação de pessoas em cidadãos. Primeiro porque ajuda a canalizar a energia e segundo, porque ensina muito sobre colaboração, equipe, disciplina e respeito.
Há alguns anos participo de um projeto social na academia onde treino. Dou aulas de jiu-jitsu para crianças de até 13 anos e é perceptível como, em pouco tempo de aula, o comportamento delas já se transforma. Temos os relatos dos pais também que contam como eles estão motivados, mais concentrados, entre outros benefícios.
Para você, qual o conceito de Paz?
A Paz é um estado de espírito. Um estado pessoal que deve ser compartilhado com as pessoas ao seu redor. A Paz envolve disciplina espiritual e é um conceito vivo e em constante construção.
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