Nos últimos 8 anos tenho me dedicado a contribuir com o crescimento de startups exercendo o papel de CTO (Chief Technology Officer) e posso dizer que é uma verdadeira aventura! Se quiser saber mais acesse o texto “Quer viver uma aventura em uma startup? Algumas dicas para você!”
Neste momento, janeiro de 2022, estou como CTO na SEEDZ que é uma agrotech. EM 2021 fui chamado pelos fundadores para ingressar ao time de diretores e heads com a missão de auxiliar a empresa para passar pelas etapas de Tração e Scale up. Interessante ver que sou um dos mais “velhos” (40 anos, rs) do time de executivos. Isso me proporciona contribuir com uma experiência que obtive durante mais 25 anos atuando no mercado de tecnologia. Sim, comecei muito novo ainda no início do ensino médio. Vejo que toda minha jornada até aqui valeu a pena!
É claro que não sou um aventureiro, apesar de ter citado “aventura” logo no primeiro parágrafo deste texto. Eu faço parte do time que precisa trabalhar para comer. Então, não posso cometer erros e me expor a riscos que não me dêem a certeza mínima de 51% de uma decisão segura. O que não deixa de ser arriscado. Mas o que eleva o 1% para o lado da segurança está em observar o time que estou entrando, as direções e estratégias, perspectivas dos próximos 3 a 5 anos, autonomia que terei em compor times, o mercado em crescimento e principamente minha constante atualização profissional.
Pois bem, mas e o dia a dia de um CTO como é? Então, de constantes mudanças!
Nos últimos dias tenho falado com os times na empresa: “Gente, se eu tivesse um quadro aqui no meu home office ao lado do meu kanban que me permitesse fazer um risco a cada mudança de rota, decisão, nova estratégia, certamente não teriam mais paredes para escrever.” Este é o ambiente de startups neste estágio de crescimento. E isso para mim é muito massa! Já imaginou que a cada experiência dessa seria o mesmo que um MBA ou Mestrado na prática?
E olha que é minha terceira jornada em startups, ou seja, manda mais 3 MBAs ou Mestrados
a mais na minha conta! (risos)
Encarar a jornada CTO não possui missão fácil! Isso posso lhe dizer. E a ralação no dia a dia muda de acordo com o momento da startup, de acordo com os times formados, os tipos de produtos envolvidos e os tipos de negócios e mercados que estão inseridos.
Posso lhe dizer que quando você é um CTO com um time de até umas 20 pessoas é certo que seu papel está muito voltado ao técnico como arquiteto de solucões, engenheiro de sistemas e muitas vezes como desenvolvedor (no caso de startups de tecnologia que os produtos sejam sistemas ou plataformas). É claro que independetemente do tamanho da empresa o CTO precisa entender do operacional, negócios e pessoas.
Já no estágio de tração e scale up a jornada muda, e muda muito, principalmente se você estiver chegando para ingressar o time existente e com a missão de fazê-lo crescer. Sempre digo que mesmo que você tenha passado no processo que o selecionou para a vaga e precisou encarar o CEO e o RH executivo para aprovação e ter recebido o “crachá” de CTO, que a princípio lhe dá poder, saiba que o principal teste ainda está por vir: ser aceito pela equipe. Leia mais sobre liderança aqui.
É necessário tornar-se multidisciplinar no início desta jornada. Conhecer o time, mapear as pessoas, entender o negócio, participar de vária reuniões, ter boas perscepções, e escutar muito, muito, muito o time que agora você está liderando. Você encontrará pessoas motivadas e desmotivadas, pessoas com alta e baixa energia, pessoas que gostam de conversar e pessoas caladas, pessoas extremamente técnicas e pessoas de negócio, pessoas práticas e pessoas mais relacionais, enfim, de todos os tipos. O mais importante disso é: não tome medidas precipitadas. Entenda o contexto por no mínimo 30 dias com as mesmas pessoas em ambientes, cenários e momentos diferentes. Tente sempre dar oportunidade para as pessoas se posicionarem e encontre líderes.
Com o passar do tempo você estará sendo testado nas reuniões técnicas, esteja preparado. Participará de reuniões que rapidamente precisará tomar decisões e não poderá parar e pensar: mas acabei de chegar! E você fará isso várias vezes no mesmo dia. Você encontrará times que se falam pouco, pessoas que não abrem suas câmeras (a maioria) e precisará ajudá-los a entender a importância de estarem juntos e procurar formas de motivá-los e engajá-los. Mas lembre-se: não adianta forçar a barra. O primeiro indicador de um CTO é a aderência das pessoas de forma orgânica, e nunca forçada. Está aí umas das principais diferenças de CHEFE e LÍDER. Afinal, “mandar” ERA fácil e caiu de moda. O bonito é conquistar e estarem juntos pela vontade de cada um! Em um mercado aquecido inclusive você perderá facilmente bons profissionais.
Prepare-se para ajudar a determinar formas de trabalho, rotinas, ritos e buscar constância e disciplina. Esse é um p* desafio! Esteja preparado para adaptar ritos semanalmente até encontrar o melhor modelo, ou ao menos próximo do ideal, acredite nele e faça constantemente.
Esteja preparado para ajudar os times de arquitetura, engenharia, QA, Dados, DevOps, Security a encontrar frameworks, métodos, padrões. Mas lembre-se: identifique pessoas que sejam melhor que você nestas cadeiras, senão tem algo errado! Mas saiba, eles testarão seu conhecimento, afinal, em uma startup em crescimento os times ainda são pequenos e o contato é direto.
Ter um RH próximo (RH Tech) faz muita diferença! Ingresse o RH junto aos times, trabalhe na busca de reconhecimento do time que já estava neste desafio. É muito importante não prometer nada na sua chegada! Se dizer que profissionais serão reconhecidos, faça! Lembre-se que é o sonho profissional na jornada de cada um que está em jogo.
Com os meses passando os conflitos começam a aparecer e o CTO precisará ser bom em como resolver este tema. Seja justo e sempre trate com verdades! Ser justo também significa retirar do time quem não produz.
Tenha números em mãos.
“Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar” – já dizia William Thomson.
A partir de um determinado momento você entenderá se está no caminho certo através de indicadores como turnover, cameras ligadas, integrações em reuniões, líderes tomando a frente e principalmente quem não é líder ocupando este lugar em busca de resolver problemas buscando soluções – o famoso SER antes de TER “o cargo de líder”. Isso é mágico!
Trazer profissionais de fora é preciso, afinal o time está em crescimento. Escolha profissionais com visões diferentes e ingresse-os no time. E saiba: conflitos serão normais e saudáveis até determinado nível. Nunca vi nada extraordinário ser feito de forma calma.
Aos poucos comece a sair de cena do operacional e dê espaço e consolide a autonomia para os líderes que ocuparam suas cadeiras nos mais diferentes níveis. Esteja sempre por perto, mas seja a ponte realmente entre o estratégico para o tático / operacional.
Inspire o time!
Não é fácil e você nunca saberá ao certo se isso está acontendo. Apenas acredite e faça! Simples assim. Um dia você terá boas histórias para contar.
Excelente texto!
Parabéns!
👏👏👏
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