Quando fiz 30 anos, ou seja, 8 anos atrás do momento em que estou escrevendo este texto, decidi pensar sobre a direção da minha vida e inicie estudos sobre o SER. Tais estudos envolveram e envolvem até os dias atuais leituras sobre antropologia, sociologia, filosofia social, engenharia social e metodologias científicas. Os livros de autoajuda também fazem parte, porém prefiro deixar somente 10% da leitura para estes títulos.
O objetivo era, ainda jovem e com uma certa carreira em trilhos positivos e com certa segurança profissional, procurar entender QUEM SOU através de olhares comuns da vida, e não de grandes feitos ou histórias incríveis. Qual será minha história? Como poderei contar ou escrever QUEM SOU a mim mesmo?
Quando olhamos para nós mesmos, é extremamente difícil dizer QUEM SOMOS sem vincular profissões, conquistas materiais ou propósitos que objetivem algo que nos permeia, mas não nos forma.
Eu aos 30 anos me questionava muito e ainda me questiono. Um excelente exercício é tentar nos colocar em terceira pessoa e nos retirar para fora, olhando para nós mesmos aqui na terra, como se fossemos dois seres: Um andando e um voando sobre sua própria cabeça. Parece loucura, mas tente.
Outro ponto interessante é o que as pessoas formam sobre o SEU SER. Já pensou sobre isso? Já teve coragem de perguntar para alguém como ela vê você? Sem citar profissões ou bens materiais?
Talvez o melhor presente que recebamos é SER REFERÊNCIA para alguém, e acredite, você é referência para alguém (e não estou dizendo filhos pequenos que copiam as atividades e trejeitos dos pais). Ser referência é uma responsabilidade enorme, e principalmente podemos usar como combustível para sermos melhores a cada dia. Por nós mesmos, para o nosso próprio SER. Afinal, espelhos servem para refletir.
O mais importante desta reflexão é pegar o seu SER em terceira e perguntar a ele? “Será que eu sou referência para mim?” Existe aquela frase que diz: “Seja a pessoa que seu cachorro pensa que você é”, mas deixando os jargões culturais de lado, que tal encaixar: Seja a pessoa que tem orgulho do seu SER.
Todo humano nasce para viver uma vida plena, mas o que é plenitude? Qual a direção para a plenitude? Não é de hoje que vejo pessoas procurando direções para suas vidas, mas atualmente temos muitas procurando através de especialistas, coachs, cursos, etc.
A direção da vida é sua! O que estou chamando de direção para muitos é visto como PROPÓSITOS, uma palavra extremamente bonita, forte, e altamente explorada atualmente de forma rasa, em minha opinião pessoal, principalmente na internet. Não adianta falar bonito, ter um bom celular, ter ótimos bens, ter religião, ter viajado muito, fazer bons vídeos, ser bonito(a) fisicamente, se o próprio encontro com seu ser não existe.
Não há como pensar em direção sem propósitos, assim como não há como pensar em propósitos sem princípios. A união destes dois sentidos nos permite enxergar e buscar nossa direção.
Durante este período do COVID tenho visto várias LIVES sobre Propósitos, algumas muito boas. Porém, também foi possível ver pessoas usando a palavra propósito como vidas em grandes abundâncias materiais; como competição em quem é melhor que quem; como definições baseadas em religiões ou crenças e no fundo é uma demonstração de ostentação. E isso pode ser um grande vazio, sem fundamentos, entendimentos profundos ou razões sendo mostrado a centenas de pessoas.
Nossa sociedade está cada vez mais perdida, principalmente em momentos tão complexos como que estamos vivendo. A internet traz uma falsa realidade, um possível caminho fácil e promissor (o famoso atalho) para conquistar propósitos. É fato que todos nós precisamos de propósitos e princípios, mas explorar isso de forma errada nas pessoas cada vez mais vulneráveis psicologicamente é o mesmo que acelerar um caminhão desgovernado em direção ao abismo.
Cada um de nós tem a habilidade de encontrar o próprio sentido, e devemos procurar ativamente por isso.
É um erro terceirizar nossa direção, ou simplesmente acreditar na direção de alguém que talvez não tenha encontrado seu próprio SER. Antes de encontrar suas referências é importante fazer algumas perguntas: essa pessoa tem experiências suficientes em direções ao fracasso ou são histórias de internet ou de cursos? Essas pessoas dizem: “Estudos mostram?”, mas quais estudos? Qual a profundidade estudada e principalmente entendida e aplicada em sua própria vida?
O fracasso ensina mais que o próprio sucesso, principalmente quando o sucesso é uma mera ilusão ou somente um fator motivacional até mesmo para a própria pessoa.
Só encarando nossa própria direção podemos criar uma vida cheia de sentido, que nos dará o propósito e a mentalidade para lidar com qualquer coisa que apareça em nosso caminho.
Afinal, qual a direção de nossas vidas? Para mim é encontrar quem sou, pois quero ser a pessoa que desejo para mim mesmo e assim me tornar uma referência. Isso significa uma vida em abundância, principalmente visto de forma simples, humilde e com reflexo de verdade, felicidade e gratidão.